Era uma vez um menino branco chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos e dizia:
É bom ser branco
porque é branca a clara do ovo cozida,
Os papéis,
A parte branca dos olhos,
A farinha,
Os bonecos de neve e os lenços de papéis.
Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma amiga chamada Flor de Lótus, que, como todos os meninos amarelos, dizia:
É bom ser amarelo como a tinta amarela,
Os pintainhos,
A gema do ovo,
Os girassóis,
A areia e o sol.
O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador chamado Lumumba que, como os outros meninos pretos, dizia:
É bom ser preto como as nuvens quando está para chover,
Como a camisola do Académica,
As azeitonas,
As estradas,
A noite,
O carvão,
Os pneus e os cabelos.
O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa Terra onde todos os meninos são vermelhos.
Escolheu para brincar aos índios uma menino chamado Pena Águia.
E o menino vermelho dizia:
É bom ser vermelho como o sangue,
A framboesa,
A tinta vermelha,
A camisola do Braga,
O pimento vermelho,
As joaninhas,
As rosas,
O fato do Pai Natal,
A camiola do Benfica,
A pele dos índios,
O tomate,
O coração,
As cerejas,
Os lábios,
As fogueiras e os morangos.
O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Babá, que dizia:
É bom ser castanho como a nossa mascote,
O chocolate,
As pinhas,
O tronco das árvores,
O café,
A madeira,
A terra e a lama.
Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:
É bom ser branco como o açucar, amarelo como o Sol, preto como as estradas, vermelho como as fogueiras e castanho da cor do chocolate.
Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.
Meninos de todas as cores, luísa Ducla Soares (adaptação)
Aventura das Letras
Porto, Porto Editora, 2003
Esta história vem ao encontro do Projecto que está a ser desenvolvido na sala "Não faz mal ser diferente". Após a leitura da história as crianças em grupos contruiram fantoches para depois dramatizar.
Organizaram-se três grupos de cinco crianças e cada grupo dramatizou a história, para os outros grupos e adultos. Foi um momento muito bonito, pois todas as crianças participaram na dramatização com grande entusismo e a cima de tudo divertiram-se.
Todo o grupo percebeu a mensagem da história.
Posteriormente as crianças com a ajuda de um adulto reescreveram a história num papel de cenário, para realizarem o jogo "Caça à palavra". Cada criança tirava uma palavra à sorte, o adulto lia e a criança procurava no texto onde pertencia aquela cor. De seguida as crianças ilustraram no papel de cenário os seus pensamentos.
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